segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A PACC, os 5 anos e as dispensas...

"Começo esta crónica como uma indagação: se o Governo e na Assembleia da República se indignam tanto com os protestos das pessoas e advogam que foram eleitos para 4 anos e em democracia, quando os professores concluíram os seus cursos profissionalizantes nos quais se inscreveram não o fizeram na convicção de que o mesmo se aplicava para sempre? Ou os certificados ou cartas de curso vinha com prazo de validade?

Pois é, hoje soube-se que numa “tal de negociação” isentaram da PACC os professores com 5 ou mais anos de serviço à laia de uma chantagem de não se fazer greve e outro tipo de pressão que é a mais justa e coerente. A prova que nunca teve razão de ser ou existir, passou a ser uma coisa “assim mais ou menos” para alguns “e coisa e tal” que então não fazem muito barulho...

Eu só pergunto: esses sindicatos defendem os professores? Ou só defendem os professores com mais de 5 anos de serviço? Se não concordam com a PACC qual a razão para não se ser coerente e não se entrar em jogos?

Qual será a diferença entre mim mesmo, professor do quadro com 17 anos de serviço e outro qualquer colega que acabou o mesmo curso que eu, que também o profissionalizou na mesma área e apenas não conseguiu lecionar ou tem apenas 1, 2, 3 ou 4 anos de serviço? A antiguidade é um posto?

Se os professores que têm menos de 5 anos têm que fazer a PACC a razão reside em que motivo? Mas afinal a prova avalia o quê? Isso não fere também um princípio de igualdade e equidade consagrado na constituição?

Volto a referir as minhas últimas crónicas: eu NUNCA faria a PACC. Nem sequer me inscreveria.

E nas minhas crónicas afirmei claramente o princípio do MEC em que faz dividir (os professores) para reinar e assim ir brincando... Como devem ter percebido claramente a mobilização dos professores, vieram agora com esta para tentar desmobilizar para o LUTA que reside em princípios muito básicos como a justiça e equidade. Assim farão mais uma guerra entre os docentes. Qual guerra do século XXI em que a logística é tudo: quando mais se fraturar a classe dos professores mais facilmente avançaremos pois o inimigo deles que somos nós tratamos de nos dizimar uns aos outros. Começarei agora a ver os que não se inscreveram na prova por convicção a lutar e outros a barafustar depois de tanta preocupação com inscrições, pagamentos, etc... Outros que nem pensam nisso e estão aliviados pois não têm que fazer a prova e simplesmente isso é suficiente. Outros reclamam (e com razão) que por terem menos de 5 anos não são menos que os outros pois têm a mesma habilitação (o que é a realidade objetiva e única que deveria contar).

Muitas guerras se criarão entre os professores (a estratégia única é essa e falo pois sei disso perfeitamente). A reboque, há uma chantagem que tenta eliminar pressões e greves. Mas no fundo, no fundo, esta prova não tem qualquer sentido existir...
E enquanto isso, os €€€€€€ que muitos pagaram de inscrição continuarão a ganhar juros numa conta... E assim vai ser pois se havia problemas nos pagamentos, depois me dirão o tempo que vão estar à espera que vos devolvam o valor... Enquanto isso, esses €€€€ dão para pagar uns salários que podiam ser de uns professores a fazer aquilo que melhor sabem fazer: ensinar e dignificar a escola pública.

A PACC não faz qualquer sentido para ninguém que já fez o seu curso e tem a habilitação profissional no seu diploma. Isso e o que lhe permite, inequivocamente, lecionar. Tenha 1 ou 40 anos de serviço docente.

E mesmo os que fizerem a prova vão estar sujeitos a todo o tipo de comparações. Já o disse e reafirmo. A solução passa por não fazerem prova nenhuma e de uma vez por todas TODOS OS PROFESSORES estarem unidos...
O mais certo é que Nuno Crato tenha que fazer uma prova: no máximo estará lá 4 anos e depois evapora-se de vez... Depois de implodir o MEC e a própria escola pública (afinal, o que ele sempre dissera querer).
Desculpem-me mas acho que vou acabar com algo um pouco brejeiro mas que resumo bem as guerras que se querem criar entre os professores. Entre efetivos e contratados, nos próprios contratados, etc, etc... Este anuncio de hoje faz-me lembrar aquela anedota da vaselina e que com essa custa menos, enquanto outro se ri e sussurra: deixa-o perceber que a vaselina tem areia que depois até chora...
Façam-me um favor: não se deixem iludir; não se dividam; não criticam nunca aqueles que são os nossos colegas tendo mais ou menos anos de serviço, do quadro ou não. É que esses não são os verdadeiros inimigos que nos fazem por criar. Os verdadeiros inimigos são aqueles que ainda agora alteram regras, mudam procedimentos (que nem me acredito que alguma vez tivessem pensado neles) e fazem de nós “gato sapato”.

Sabem qual é o problema: é que no MEC ninguém sabe tanto de escola como qualquer um professor que tenha mesmo que apenas e só 1 anos de serviço. As referências multibanco não funcionavam; depois alargaram os locais onde se realizava a prova e sem se saber a que horas e se aprova era a mesma (reparem quem fizesse a prova em Timor ou Macau se a prova seria igual à mesma hora considerando o fuso horário); ou mesmo a quantidade de provas suplementares que eram obrigados a aplicar devido a licenças de maternidade, gravidez de risco ou atestados. Sim, pois era impossível ignorar e se ignorassem voltariam a cometer inconstitucionalidades...

Portanto, colegas, não se iludam com mais este “esfreganço” de vaselina... Mais uma vez: depois não se queixem se notarem que afinal a areia agrava ainda mais as coisas. É que parece que não é mesmo “deitar areia para os olhos”, passa mesmo pela vaselina que amolece e escorrega para a dada altura, zás... levam com areia à mistura e depois gritam novamente...

Mais vale gritar por aquilo que afinal vale a pena e faz sentido. NÃO À PACC. NINGUÉM, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM DEVE FAZER A PACC POIS NÃO PRECISA DE A FAZER PARA DEMONSTRAR QUE É PROFESSOR."

Autoria do texto: Professor José Alberto Rodrigues
Negritos e sublinhados da minha autoria


1 comentário:

  1. EU SEI que o "não à prova" é uma questão de princípio e sou totalmente CONTRA.
    O problema é que este apelo à não concretização da prova pode levar milhares ao desemprego, se o impedimento de concorrer for mesmo imperativo. Os contratados devem ter muita força, mas serem conscientes, ainda por cima quando aquela prova, a ser como o modelo publicado, se faz com uma perna atrás das costas.

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