"Após a minha carta aberta de ontem, dedico-vos hoje algumas linhas sobre o xadrez. Não o xadrez, tradicional jogo que conhecemos bem, mas o xadrez político pelo qual se regem hoje em dia os nossos governantes.
Torna-se importante perceber que há jogadas políticas que se fazem que não são inocentes. Quem não se lembra da palavra “irrevogável”? E depois, o que aconteceu? Terá sido ou não uma estratégia forçar uma lei (convergência das pensões) que até para os mais leigos era óbvio que não ia passar no crivo do tribunal Constitucional? Até que ponto devemos, como no xadrez, antever todas estas jogadas? Qual a razão para “ter caído” ontem o Secretário de Estado Helder Rosalino quando se disse que já tinha pedido para sair antes, aquando Victor Gaspar? E o mesmo Victor Gaspar não tinha já pedido para sair muito antes?
O que vos quero transmitir é precisamente apenas uma coisa que para mim é muito clara: antecipem sempre todas as jogadas pois tudo isto pode fazer parte de um jogo. No MEC e sobre o MEC é evidente que Nuno Crato já deixou, faz muito tempo, de ter condições para continuar. Não terá, também ele, já pedido para sair há muito? Eu acredito que sim, sinceramente. Veja-se a sua ausência em certas situações como no debate sobre a PACC na AR em que apenas estavam os Secretários de Estado… Sintomático…
Mas o que me faz pensar mais nesta hipótese, para além de certas conversas que vou mantendo, foi a PACC, a pós-PACC e os seus comentários e os comunicados do MEC. Não será tudo isto uma boa jogada de antecipação para a saída? Veja-se:
- Nuno Crato insiste numa prova que não faz sentido nenhum;
- Consuma-se a prova com evidentes e gritantes ilegalidades (ao ponto de se terem preparado e quiçá realizado provas à porta fechada e com largas dezenas de professores em ginásios e cantinas) para não falar da iniquidade dessa mesma prova;
- Nessa mesma noite de dia 18 o MEC vai à RTP e avança com suspeitas das quais não apresenta quaisquer dados;
- Afirma uma vez a diferença entre Politécnicos e Universidades e enfatiza mais duas vezes a desconfiança sobre os cursos via ensino ministrados por Politécnicos;
- Na manhã do dia 19 o MEC emite um comunicado a dizer que afinal não disse aquilo que todos ouviram e perceberam.
E agora? Isso já todos nós sabemos, dizem vocês… E o resto, pergunto eu? Antecipação… Que poderá ser:
- Forçar uma situação para a sua saída em breve;
- Fazer acalmar (como se fosse possível) um pouco as coisas no mundo da educação e na classe docente;
- Fazer acreditar que a saída do Ministro é uma vitória da classe docente.
Mas cuidado, vamos à terceira e última parte desta crónica (e que cheguei a antever e perspectivar há muito tempo):
1. Há alguns dias que “desapareceu” o blogue e contas do Facebook e Twitter de Ramiro Marques;
2. Quando as contas e os blogues são suspensos, desaparecem, etc… costumam querer dizer o quê, precisamente?
3. Para quem acompanha o mundo da educação sabe que Ramiro Marques era (e é) acérrimo defensor das políticas que têm sido implementadas por este MEC, quem melhor para substituir Nuno Crato?
4. E já agora… não terá sido aquela questão dos “Politécnicos” um grande argumento para quando nomeada uma nova equipa ministerial o Primeiro-ministro até vir dizer que: “vejam bem, até fomos buscar para ministro alguém de um Politécnico e Escola Superior de Educação”…
(Fonte: perfil público Rui Lourenço)
Vamos ver o que acontecerá. Mas nos últimos anos aprendi uma coisa muito importante: há sempre uma qualquer jogada preparada e não convém estarem desprevenidos. Ao contrário de vocês poderem dizer que “eles não sabem o que dizem” ou “eles não sabem o que fazem”… analisem bem e percebam o tabuleiro em que se joga, pisquem o olho, sorriam e digam: “Julgas que andamos a dormir, é?”
O que escrevi é apenas e só o que vos transmito. Se poderá ser isso ou não, não sei… Mas… Depois se verá…"
Autoria José Alberto Rodrigues
20 de Dezembro de 2013
Negritos e sublinhados da minha autoria
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Seria o descalabro total!
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