terça-feira, 5 de agosto de 2014

O sonho dos ministros da pasta da educação concretizou-se: arranjar um bom pretexto para "achincalhar" professores na praça pública

Quem deu "uma vista de olhos" pela comunicação social (mesmo que ao de leve, por motivos de sanidade mental) pôde constatar o tipo de leituras que os média e os seus "especialistas" (em opinar sobre qualquer tema) fizeram quanto aos dados divulgados pelo MEC/IAVE sobre os resultados da PACC

É preciso desde logo entender o que é que o MEC (cRato) pretendia com a divulgação dos dados: disseminar a ideia de que os professores não estão aptos para a docência, como forma de justificar a existência da dita prova. Lembremo-nos de que ainda a prova não tinha sido feita e já começava a ser consensual de que até crianças do básico faziam a mesma de olhos fechados. 

A questão é: conseguiu o ministro passar essa ideia? Possivelmente sim. Os resultados lidos na diagonal (é preciso entender que interessa a muita gente que assim seja) assim apontam, insinuando que Crato tinha supostamente razão em "obrigar" os pretensos "candidatos a professores" a fazer uma prova para constatar que os mesmos falham e são supostamente maus "candidatos a professor". 



Ora vamos aos factos: 

1) A prova foi efectuada sob a tirânica pressão (possivelmente ilegal) de retirar os professores visados pela mesma dos concursos nacionais, mesmo não sabendo que tipo de prova os esperava (por mais fácil que ela fosse). De relembrar que a 2.ª prova até foi marcada à última da hora sob o maior secretismo. Nunca antes se havia visto em Portugal a marcação de um exame a três dias úteis da data do mesmo e um tal ataque aos direitos constitucionais;

2) A prova efectuada não trata da área de especialização de qualquer docente formado em Portugal, nem faz parte de qualquer plano de estudos do ensino superior, sendo proporcionalmente ridícula pelo facto de ser uma espécie de "quiz" (por mais fácil que ela fosse); 

3) Da leitura dos dados não se percebe se a percentagem de negativas está relacionada com os boicotes efectuados pelos professores aquando da realização da prova. Houve quem tivesse preenchido o cabeçalho e não escrevesse nada, outros houve que rabiscaram a prova em sinal de protesto. Como sabemos se estas provas foram ou não tidas em conta nas percentagens de negativas? Não sabemos;

4) Muitos professores fizeram a prova sob pressão psicológica devido ao sentimento de injustiça latente e até supostamente sob a coacção de vigilantes e directores mais zelosos; 

5) Em muitos estabelecimentos de ensino, não foram respeitadas as condições normais para a realização de um exame;

5) Quando, onde e quem corrigiu as provas? Como se pode comprovar a integridade dos resultados? Relembro que muitas destas provas já foram realizadas a 18 de Dezembro de 2013;

6) Falam dos supostos erros ortográficos dados pelos professores (o Quintino Aires delirava hoje de manhã com os erros dados, fazendo uma ovação ao ministro vingador), mas não falam dos erros que constavam da prova realizada pelos supostos especialistas do IAVE; 

6) Um facto curioso: a divulgação dos resultados da prova coincide com a divulgação dos resultados da 2.ª fase dos exames nacionais. O "candidato a professor" viu-se ele próprio colocado no mesmo espaço/tempo do aluno.

Tudo para expulsar das listas de professores "achincalhar" os "candidatos a professor" e subsidiar fomentar um organismo pago pelo contribuinte português: o IAVE e as pessoas que orbitam à volta do mesmo.

Uma última nota: hoje o Arlindo falava em supostos "agradecimentos". Eu sei a quem se deve agradecer em primeiro lugar: à FNE e aos seus sindicalistas, por contribuírem para a destruição das vidas destes "candidatos a professores" e da imagem de toda a classe docente.


(JN)

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