terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Espaço do correspondente - Eduardo de Montaigne


Criação
2ª Parte 

Índia e china são dois casos onde o número de indivíduos gerados é esmagador. No caso da China, resolve-se esse problema com casas da morte. Atualmente, a China é um dos países vítimas da ditadura comunista no mundo. Um dos princípios do comunismo é o controlo da densidade demográfica. Na China isso é “justificado” pela quantidade de pessoas já existentes no país, um dos países mais populosos do mundo. As casas da morte na China servem para levar as crianças, dizendo ser órfãs ou abandonadas pelos pais, quando na verdade o objetivo é fazê-las morrer. Os quartos da morte são negados pelo governo chinês, não obstante, há provas que crianças são deixadas lá por dias e dias, até que não resistam mais e morram de fome e sede. 

Os Estados Unidos, por sua vez, abusam dos recursos disponíveis para um único indivíduo e que poderia ser usado por 3 ou mais. São um país de abundância. Nem sequer consideram a hipótese de virem a passar pelas mesmas necessidades que alguns países passam. Poder-se-ia dizer que são arrogantes e inconscientes relativamente à fragilidade que todos nós possuímos. 

Não existe nem nunca existirá ordem mundial nem controlo de tal questão. Em última instância, quase todos querem uma ou mais versões de si mesmo, onde a todo o custo tentam eliminar defeitos existenciais que em si próprios reconhecem, através de um processo chamado “educação”. 

A esperança que a combinação genética aleatória e caótica seja suficiente para gerar uma versão melhorada de nós mesmos, move-nos enquanto espécie. Sabe-se que apesar do genótipo ser influente no processo de construção de identidade e personalidade, o fenótipo e a aculturação são comprovadamente decisivos na construção do produto final. Não somos mais que produto de uma amálgama genética e cultural, realizada num determinado contexto, sustentada por um determinado número de recursos e que depende única e exclusivamente do acaso. 

Porquê procriar então? Na minha perspetiva, este ato prende-se a múltiplas razões, das quais apontarei algumas: 

- Para passar o nosso legado a alguém, ao invés de saber que tudo aquilo que construímos na vida não vai ser de utilidade alguma depois de deixarmos de existir. 

- Porque todos os casais têm filhos para reforçar a solidez do casal. 

- Um casal homossexual, por exemplo, quererá talvez ter filhos na tentativa de atingir uma equidade social. 

- Há quem tenha filhos para mostrar ao resto da sociedade o seu status económico, e, enquanto estão em viagens de negócios, tudo aquilo que os filhos conhecem em termos de afetividade são as amas. - Uma situação extrema mas real: um casal, ambos infetados pelo vírus do HIV, procriavam, os filhos nasciam também infetados e vendiam-nos a uma produtora de pornografia no mercado negro. Os recém-nascidos eram violados e filmados, e, como também eram portadores do vírus, e não lhes era dado tratamento, morriam ao final de algumas semanas ou meses. Nasciam, eram violados e morriam. Casos assim mostram a face mais negra daquilo que é ser humano.

Eduardo de Montaigne
Parte 1


(Andi Galdi Vinko)

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